domingo, 24 de março de 2013

Artigo: Hiperatividade x indisciplina


ARTIGO 
Hiperatividade X Indisciplina: Contribuições para o Cotidiano Escolar
Autoras: Neiva Terezinha Chaves Leite e Josiane Peres Ferreira




Introdução
No cotidiano da sala de aula nos deparamos com alunos agitados, que arrancam os brinquedos de seus colegas, andam de um lado para o outro e não conseguem ficar muito tempo sentado, no mesmo lugar. Nunca terminam as tarefas solicitadas. Em algumas vezes chegam a ser agressivos. Esse comportamento, geralmente confundido com indisciplina, é característico de um distúrbio de atenção que, de acordo com Gentile (2000), atinge 5% das crianças e adolescentes de todo o mundo: a hiperatividade. Conhecer os sintomas e aprender a lidar com esse problema é uma obrigação de qualquer professor que não queira causar danos a seus alunos. Afinal, a demora em diagnosticar o caso pode trazer sérias conseqüências para o desenvolvimento da criança.
Esse artigo busca orientar pessoas, principalmente, pais professores sobre o TDAH. Ele aborda a história, o que é hiperatividade, seus sintomas, medicamentos, como prevenir e a intervenção do professor e de profissionais como o psicólogo, neurologista e o psicopedagogo.
Todavia, relata como tratar alunos com indisciplina ou falta de limites. Por isso, muitas vezes cabe ao professor perceber a agitação do aluno. Se ela persistir deverá procurar ajuda da escola e posteriormente encaminhar para outros especialistas da área.


Com efeito, observei seis alunos de primeira série com queixa de déficit de atenção e agitação. Com a ajuda de uma psicóloga realizamos um questionário elaborado pela psicóloga Edyleine, (2000), TDAH-Escala de Transtorno de Déficit de Atenção/ hiperatividade para fazer uma previsão do suposto transtorno.

Conforme relatos da autora só o diagnóstico da escala usada não é o suficiente para detectar o problema, mas pode ser encaminhada para posterior investigação. Com o resultado procurei bibliografias para ajudar pais e professores a conviverem ou amenizarem o transtorno.
Com isso, o trabalho ficou assim divido: História do TDAH; Conceito do que é Hiperatividade; Tratamento convencional; Alguns fatos sobre a hiperatividade; Quadro clínico; Diagnóstico, orientação à escola e prognóstico; Indisciplina da classe; Metodologia; Resultado e discussão; Sugestões para intervenção do professor; O papel da psicopedagogia; Conclusão, Referências bibliográficas.
História do TDAH-Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
As primeiras referências aos transtornos hipercinéticos na literatura médica aparecem na metade do século XIX. Entretanto, somente no início do século XX começou-se a descrever o quadro clínico de uma maneira mais sistemática.(PETRY, 1999).
Para Arlete Petry (1999), na década de 1940, falava-se em lesão cerebral mínima. A partir de 1962, passou-se a utilizar o termo disfunção cerebral mínima, reconhecendo-se que as alterações características da patologia relacionam-se mais a disfunções em vias nervosas do que propriamente a lesões nas mesmas. Na década de 80, com surgimento da terceira edição do DSM-III, (Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais), cunhou-se o termo distúrbio de déficit de atenção, que podia ou não ser acompanhado de hiperatividade. Mas, como continuou o debate, em 1987, com a organização do DSM-IV, voltou-se a dar maior ênfase a hiperatividade, modificando o nome da patologia para distúrbio de hiperatividade com déficit de atenção. Em 1994, o pêndulo voltou-se para o centro e a patologia passou a ser designada distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade.
Segundo Nass e Ross (apud, PETRY, 1998) a nomenclatura brasileira mais recente, é utilizado o termo transtorno em vez de distúrbio, ou seja, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
A etiologia para os autores não é específica. Incluem-se causas pré-natais (como as decorrentes do álcool na gestação, prematuridade), perinatais (anoxia ou hemorragia intracraniana etc) e pós-natais (seqüelas de doenças no início da infância, como encefalites, meningites, traumatismo crânio-encefálico etc). Fatores ambientais decorrentes de baixo nível sócio-econômico podem interferir na etiologia também.
Segundo Bierdeman e seus colaboradores (apud, Arlete Petry), os aspectos genéticos são significantes, principalmente entre os meninos. Eles verificaram que 20% dos pais e 21% dos irmãos de crianças com TDAH também eram acometidos por esta afecção.
O Que é a Hiperatividade
A hiperatividade, segundo Lancet (1998) denominada na medicina de desordem do déficit de atenção, pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Os sintomas variam de brandos a graves e podem incluir problemas de linguagem, memória e habilidades motoras. Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa devem saber lidar com a falta de atenção, impulsividade, instabilidade emocional e hiperativa incontrolável da criança.
O comportamento hiperativo pode estar relacionado a uma perda da visão ou audição, a um problema de comunicação, como a incapacidade de processar adequadamente os símbolos e idéias que surgem, estresse emocional, convulsões ou distúrbios do sono. Também pode estar relacionado à paralisia cerebral, intoxicação por chumbo, abuso de álcool ou drogas na gravidez, reação a certos medicamentos ou alimentos e complicações de parto, como privação de oxigênio ou traumas durante o nascimento. Esses problemas devem ser descartados como causa do comportamento antes de tratar a hiperatividade da criança
O verdadeiro comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança. As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas crianças podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos. As crianças hiperativas estão sempre em movimento, sempre fazendo algo e são incapazes de ficar quietas. São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir. Devido à sua energia, curiosidade e necessidade de explorar surpreendentes e aparentemente infinitas, são propensas a se machucar e a quebrar e danificar coisas.
As crianças hiperativas toleram pouco as frustrações. Elas discutem com os pais, professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua rapidamente. Essas crianças também tendem a ser muito agarrado às pessoas. Precisam de muita atenção e tranqüilização. É importante para os pais perceberem que as crianças hiperativas entenderam as regras, instruções e expectativas sociais. O problema é que elas têm dificuldade em obedecê-las. Esses comportamentos são acidentais e não propositais.
Para Lancet (1998), a criança hiperativa quando sai com sua família, uma ida a um parque de diversão ou supermercado pode ser desastrosa. Há simplesmente muita coisa acontecendo, muito estímulo ao mesmo tempo. Devido à sua incapacidade de concentrar-se e ao constante bombardeamento de estímulos, a criança hiperativa pode ficar estressada.
A criança hiperativa pode ter muitos problemas. Apesar da "dificuldade de aprendizado", essa criança é geralmente muito inteligente. Sabe que determinados comportamentos não são aceitáveis. Mas, apesar do desejo de agradar e de ser educada e contida, a criança hiperativa não consegue se controlar. Pode ser frustrada, desanimada e envergonhada. Ela sabe que é inteligente, mas não consegue desacelerar o sistema nervoso, a ponto de utilizar o potencial mental necessário para concluir uma tarefa a criança hiperativa muitas vezes se sente isolada e segregada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa auto-estima.
Um especialista em comportamento infantil pode ajudá-lo a distinguir entre a criança normalmente ativa e enérgica e a criança realmente hiperativa. As crianças até mesmo as menores podem correr, brincar e agitarem-se felizes durante horas sem cochilar, dormir ou demonstrar qualquer cansaço. Para garantir que a criança realmente hiperativa seja tratada adequadamente e evitar o tratamento inadequado de uma criança normalmente ativa é importante que seu filho receba um diagnóstico preciso.
Segundo a equipe abc de saúde, durante a primeira ou a segunda consulta médica, a criança hiperativa pode ser comportar de forma quieta e educada. Sabendo o que é esperado, pode se transformar em uma criança "modelo". Devemos estar preparados para descrever, de forma precisa e objetiva, o comportamento da criança em casa e nas atividades sociais. Se uma criança está encontrando dificuldade na escola, o professor que converse com o médico ou envie-lhe um relatório por escrito. Pode ser preciso várias consultas antes que o comportamento hiperativo torne-se aparente. Não devemos nos preocupar, pois um especialista em crianças, geralmente, pode realizar um diagnóstico preciso.
Ao tratar da criança hiperativa, a nossa meta é ajudá-la a fazer o melhor possível, em casa, na escola, e com os amigos. Lembremo-nos sempre de que a criança estará lutando com todas as forças para superar uma deficiência do sistema nervoso. É preciso dizer aos pais que não se sintam envergonhados ou culpados quando seu filho não se comportar bem.
Os pais da criança hiperativa merecem muita consideração. É preciso muita paciência e vigor para amar e apoiar a criança hiperativa em todos os desafios e frustrações inerentes à doença. Os pais da criança hiperativa estão sempre preocupados e atentos, sempre "em alerta". Conseqüentemente, é fácil sentirem-se cansados, abatidos e frustrados, às vezes. É de importância vital para os pais da criança hiperativa serem bons consigo mesmos, descansar quando apropriado, além de buscar e aceitar o apoio para eles e para o filho.
Tratamento Convencional
Conforme Abrichaim (2001) antes de qualquer tratamento, um exame físico deve se feito para descartar outras causas para o comportamento da criança, tais como infecção crônica do ouvido médio, sinusite, problemas visuais ou auditivos ou outros problemas neurológicos.
O metilfenidato é o medicamento mais comumente receitado para hiperatividade. É um estimulante que tem efeito paradoxal de acalmar o sistema nervoso e aumentar a capacidade da criança hiperativa de prestar atenção. Contudo, os pais não devem deixar de verificar com seu médico antes de parar de dar esse medicamento a seu filho.
Conforme Abrichaim (2001), a tioridazina é um tranqüilizante ao qual se pode recorrer se a criança for extremamente agressiva e, nesse caso, apenas nas situações mais difíceis.
Na maioria das circunstâncias, o medicamento para a hiperatividade pode ser interrompido durante o verão e retomado quando as aulas começarem novamente, após as férias. Essa conduta pode limitar alguns dos efeitos colaterais prolongados desses medicamentos. Após um verão sem medicamento, talvez seja útil deixar que o aluno freqüente as primeiras semanas de aula sem qualquer medicação. Considere esse período como um teste para determinar se a criança pode passar sem o medicamento. (Os pais devem conversar sempre com o médico antes de descontinuar qualquer tratamento, durante qualquer período de tempo).
Quanto à prevenção, Abrichaim (2001), diz que é importante ressaltar que durante a gestação, a mãe deve manter-se longe da exposição de chumbo ambiental ao mínimo possível e eliminar o álcool. O dois tem sido relacionado a hiperatividade.
A futura mamãe não deve deixar que seu filho se exponha ao chumbo. As fontes mais comuns de exposição ao chumbo são tinta à base de chumbo, água potável e cerâmica mal esmaltada.
Alguns fatos sobre a Hiperatividade
A equipe abc de saúde relata que embora muitos pais de crianças enérgicas perguntem aos médicos sobre a hiperatividade, ela não é problema comum. De acordo com um artigo publicado no British Journal of Psychiatry, apenas 3% das crianças são realmente diagnosticadas com a desordem do déficit de atenção. A hiperatividade é dez vezes mais comum nos meninos do que nas meninas.
A causa ou causas exatas da hiperatividade é desconhecida. A comunidade médica teoriza que a desordem pode ser resultado de fatores genéticos; desequilíbrio químico; lesão ou doença na hora do parto ou depois do parto; ou um defeito no cérebro ou sistema nervoso central, resultando no mau funcionamento do mecanismo responsável pelo controle das capacidades de atenção e filtragem de estímulos externos. Metade das crianças hiperativas tem menos problemas comportamentais quando seguem uma dieta livre de substâncias como flavorizantes, corantes, conservantes, glutamato monossódico, cafeína, açúcar e chocolate.

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